domingo, 12 de abril de 2009

Personalidades




Henrique Medina Carreira (Bissau, 14 de Janeiro de 1931) é um fiscalista e político, filho de António Barbosa Carreira, historiador, e de Cármen Medina Carreira.

Carreira Profissional


Henrique Medina Carreira tirou um bacharel em Engenharia Mecânica e, mais tarde, licenciou-se em Ciências Pedagógicas (

1954) e em Direito (1962) na Universidade de Lisboa. Frequentou ainda o curso de Economia no Instituto Superior de Economia e Gestão, que não concluiu. Dedicou-se à advocacia, à consultoria em empresas e à docência universitária, a última das quais exercida no Instituto Superior de Gestão (ISG), no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) e no Instituto Estudos Superiores Financeiros e Fiscais (IESFF).


A par da sua carreira profissional, desempenhou outras funções como as de membro do Conselho Superior dos
Tribunais Administrativos e Fiscais, membro do Conselho Fiscal da Fundação Oriente, vice-presidente do Conselho Nacional do Plano ou presidente da Comissão de Reforma de Tributação do Património.

Carreira Política


No plano político, exerceu o cargo de Sub-secretário de Estado do Orçamento durante o
VI Governo Provisório (1975-1976), o qual deixou de exercer para assumir, logo de seguida, as funções de Ministro das Finanças do I Governo Constitucional (1976-1978) liderado por Mário Soares. Mais tarde abandonou o Partido Socialista, assumindo, dizem, uma maior aproximação ao PPD-PSD e, em 2006, apoiou publicamente a candidatura de Aníbal Cavaco Silva à Presidência da República.


Crítico, ao seu estilo!


Nos últimos anos, Medina Carreira tem sido um grande crítico do papel desempenhado pelos principais partidos políticos em Portugal, das finanças públicas portuguesas relativamente ao endividamento e á despesa pública e relativamente à actual carga fiscal portuguesa, como consequência da conhecida falta de produtividade da nossa economia.


Defensor da implementação de um sistema presidencialista, a título transitório, em Portugal, o fiscalista e ex-ministro das Finanças tem, também, criticado a situação actual da educação, da justiça e a inexistência de políticas eficazes contra a corrupção e o excesso de burocracia. Por exemplo, numa entrevista ao jornalista José Gomes Ferreira na Sic Notícias, Medina Carreira, abordando o tema referente à dívida externa portuguesa, referia que nos últimos 10 anos a dívida portuguesa tem vindo a aumentar 48 milhões de euros, diariamente! Dizia então Medina Carreira: “quando acabarmos este programa devemos mais 2 milhões de euros”, apelidando ainda a situação de “uma torneira”.


Henrique Medina Carreira

Para quem me conhece, não admira que Medina Carreira seja a primeira personalidade a que dou relevo no meu blog, na medida em que é e foi para mim o principal impulsionador do meu interesse pelos estudos económicos e curiosidades políticas. Medina Carreira representa a minha maior fonte de motivação e capacidade crítica na área da política, da economia e no diagnóstico da situação actual do país. O fiscalista é talvez o principal realista que alguma vez iremos ouvir na comunicação social e, graças a esse realismo, torna-se banal que muitos olhem para esta personalidade como um pessimista, um chato ou um “popularuxo”. Contudo, para além de Medina Carreira (e tal como ele refere) não depender de nenhum aparelho político-partidário, ele não se limita apenas a criticar, mas também sugere propostas de solução para ajudar à resolução da nossa crise estrutural em Portugal em que, em cada 3 anos desde o 25 de Abril de 1974, dois são a crescer a 1% ou menos, refere.


Refiro então Medina Carreira como a minha primeira personalidade de topo, num momento em que é absolutamente urgente tomarmos conhecimento do destino do nosso país com este sistema político e porque pretendo, com este destaque, dar relevo aos elementos presentes no discurso do fiscalista e servir de via de transporte e divulgação para uma extensa camada populacional activa que possui, no voto, o possível elemento de revolta e mudança política e, quem sabe, social.


Para que a colectividade tome conhecimento da situação do nosso país e assim se possa realizar o correcto diagnóstico da situação actual da economia portuguesa, recomendo a leitura do livro “O dever da verdade” de 2006 em que, Medina Carreira em entrevista a Ricardo Costa da Sic, descreve-nos ao pormenor a situação das diferentes áreas de actividade em Portugal, apresenta alguns contextos históricos, refere aquilo que para ele deviam ser as acções a adoptar pelos sucessivos governos e onde recorre, para os fins, a elementos gráficos e estatísticas oficiais de entidades competentes e reconhecidas internacionalmente. O livro tem o prefácio da Dra. Manuela Ferreira Leite e chegou, recentemente, após uma entrevista ao jornalista Mário Crespo na Sic, à 7ª edição em menos de um mês, tendo na contra-capa a seguinte descrição:

Sei que para muitas pessoas este não é um livro fácil. Não porque tenha um texto denso ou gráficos impenetráveis. Mas pela simples razão de que transporta uma mensagem realista. E, muitas vezes, o realismo não é especialmente agradável. Quando falamos de Portugal isso parece mesmo uma verdade absoluta…Quando conversava ou lia as respostas de Medina Carreira tinha a sensação de que só faltava ouvir uma sirene a anunciar um raid da aviação inimiga. Não é fácil deparar com tantos factos negativos de chofre…cada vez que tentei o contraditório (ou seja, sempre) ou que apresentei índices e dados mais favoráveis – porque também os há -, não consegui de deixar de lhe dar razão…Porque quem não aceita a realidade raramente consegue encarar o futuro…penso que este livro é um bom ponto de partida para se perceber que país somos, em que Estado estamos e para onde caminhamos. O optimismo não basta.


Ricardo CostaJornalista

Algumas citações

  • “Vocês, comunicação social o que dão é esta conversa de inflação menos 1 ponto, o crescimento 0,1 em vez de 0,6. Se as pessoas soubessem o que é 0,1 de crescimento, é um café por português de 3 em 3 dias... Portanto andamos a discutir um café de 3 em 3 dias”
  • “Ainda há dias eu estava num supermercado, numa bicha para pagar, e estava uma rapariga de umbigo de fora com umas garrafas e em vez de multiplicar 6x3=18, contava com os dedos: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9... isto é ensino, é falta de ensino.”
  • “Eu por mim estou convencido que não se faz nada para pôr a justiça a funcionar porque a classe política tem medo de ser apanhada na rede da justiça. É uma desconfiança que eu tenho. E então, quanto mais complicado aquilo for…”
  • “Nós em Portugal sabemos é resolver o problema dos outros: a guerra do Iraque, do Afeganistão, do presidente americano que não devia de ter sido o Bush, mas não sabemos resolver os nossos. As nossas grandes personalidades em Portugal falam de tudo no estrangeiro: criticam, promovem, conferenciam, discutem, mas se lhes perguntar o que é que se devia fazer em Portugal não sabem. Somos um país de papagaios sabe”
  • Receber os prisioneiros de Guantanamo? “Isso fica bem e a alimentação não deve ser cara...”
  • “Há dias circulava na Internet uma notícia sobre um atleta olímpico que andou numa "nova oportunidade" uns meses, fez o 12ºano e agora vai seguir medicina. Quer dizer, o homem andava aí distraído, disseram meta-se nas novas oportunidades e agora entra em medicina. Bem, quando ele acabar o curso já eu não devo cá andar felizmente”

Algumas publicações

  • Manual de Direito Empresarial (1972)
  • O Actual Sistema Fiscal Português – Síntese (1983)
  • A Fiscalidade e o Mercado Português de Capitais (1983)
  • A Situação Fiscal em Portugal (1984)
  • As Políticas Sociais em Portugal (1996)
  • Reformar Portugal – 17 Estratégias de Mudança (em co-autoria, 2002)

Ministros do I Governo Constitucional da República Portuguesa


ALFREDO NOBRE DA COSTA - Indústria e Tecnologia
ANTÓNIO BARRETO - Agricultura e Pescas
ANTÓNIO DE ALMEIDA SANTOS - Justiça
ANTÓNIO MALDONADO GONELHA - Trabalho
ANTÓNIO SOUSA GOMES - Plano e Coordenação Económica
ARMANDO BACELAR - Assuntos Sociais
CARLOS MOTA PINTO - Comércio e Turismo
EDUARDO PEREIRA - Habitação, Urbanismo e Construção
EMÍLIO RUI VILAR - Transportes e Comunicações
HENRIQUE DE BARROS - Ministro de Estado
HENRIQUE MEDINA CARREIRA - Finanças
JOÃO ALMEIDA PINA - Obras Públicas
JORGE CAMPINOS - Ministro sem Pasta
MANUEL DA COSTA BRÁS - Administração Interna
MÁRIO FIRMINO MIGUEL - Defesa Nacional
MÁRIO SOARES - Negócios Estrangeiros
MÁRIO SOTTOMAYOR CARDIA - Educação e Investigação Científica

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