domingo, 28 de março de 2010

RISE AGAINST em Portugal



6 Julho 2010 - Coliseu dos Recreios

segunda-feira, 8 de março de 2010

O Socrate-nesianismo

A entrada na última década, o novo milénio, ficou para sempre marcada pela adesão de Portugal ao sistema monetário único europeu, o denominado Euro. Para o bem e para o mal, este foi talvez o procedimento mais importante da história dos últimos 30 anos para o nosso país, já que viria a ter alterações profundas em inúmeros sectores e indicadores da sociedade portuguesa.

Pouco conscientes do caminho que iriam trilhar, os responsáveis políticos nacionais, atraídos pelo ambiente excessivamente especulativo e ilusório sobre as potencialidades de desenvolvimento ao nível das relações comerciais e equilíbrio da balança comercial e de transacções com o exterior, caíram naquilo a que Krugman chamou a “armadilha do euro”.

Este novo fenómeno veio terminar com a lógica económica de que muitos continuam a proclamar inconscientemente, a lógica Keynesiana. Esta doutrina económica baseava-se na teoria de que a poupança criava elevado desemprego e, portanto, o caminho estava no investimento público sectorial, quando era necessário substituir a falta de capacidade do sector privado (mais visível em períodos de crise económica). Segundo Keynes, era indispensável que o Estado se substituísse ao Privado sempre que os níveis de consumo e investimento decaíam.

Contudo, o que os estados europeus e, principalmente Portugal e o ministro Sócrates não compreenderam, é que esta era uma realidade para países tipo EUA, caracterizados por uma economia “independente”, isto é, com uma moeda própria e controlo monetário-económico sobre a indústria nacional. Nesta óptica, segundo a doutrina Keynesiana, quanto mais se consumia, mais as empresas nacionais vendiam e enriqueciam e mais investimento se criava, proporcionando o aumento das taxas de empregabilidade, ciclo que esbarraria, por fim, naquilo a que Samuelson estudou e denominou de efeitos especulativos e inflacionários. Ora o que acontece hoje em países como Portugal é que, perante a incapacidade das empresas portuguesas em possibilitar uma oferta que agrade à nossa população e com a economia globalizada, o aumento do consumo é dirigido às empresas que melhor oferta proporcionam, ou seja, as empresas estrangeiras com actividade em solo português. Neste sentido, em economias com fracos níveis de oferta de produtos transaccionáveis, mais consumo implicará maiores défices comerciais e, consecutivamente, financeiros para o Estado.

A economia portuguesa encaixa-se neste padrão descrito e a comprová-lo está que, aquando da UE a 15, Portugal era o país na cauda deste grupo e, mesmo agora na EU a 27, Portugal é o penúltimo país no ranking dos 27. Mais ainda, a mais recente adesão destes novos países de Leste veio agravar, em crescendo, a posição portuguesa, já que os empresários e as grandes indústrias produtoras e transformadoras olharam para os mesmos como excelentes oportunidades de escala. Custos laborais mais atraentes, economia e sociedade em desenvolvimento e, portanto, com potencial a 20, 30 anos, fiscalidade menos complexa, maior proximidade geográfica ao centro económico europeu e uma educação rigorosa e disciplinada, ainda proveniente, em parte, dos anos recentes de ditadura que muitos viveram.


Jorge Manuel Honório