domingo, 12 de abril de 2009

Memorização repetida

Há em Nova Iorque muitos locais famosos dedicados à música. Mas não há nenhum tão venerado e vetusto como Carnegie Hall. Construído em 1989, nele residiram algumas das companhias e orquestras mais famosas do mundo. Tocar nessa imponente sala de espectáculos é, ainda hoje, uma ambição de muitos grandes músicos.


Conta-se que, um dia, quando Arthur Rubinstein se passeava pela Sétima Avenida, nas redondezas do teatro, foi abordado por um transeunte perdido, que lhe perguntou como se ia para Carnegie Hall. O grande pianista terá respondido “Praticando! Praticando! Praticando!”. O dito ficou famoso e tornou-se uma piada predilecta de alguns educadores norte americanos.


A avaliação organizada parece ser um factor determinante na consolidação dos conhecimentos. É importante que o estudante seja avaliado de forma repetida e espaçada. Ao testar os conhecimentos, procede-se a uma recuperação activa da memória, que reforça os conhecimentos. Como diz Roediger (um dos psicólogos americanos que mais se tem dedicado à investigação do sucesso das práticas de estudo), “o factor decisivo para a aprendizagem de longo prazo é a introdução de testes”(“Science”,2008).


Estes trabalhos científicos fornecem novos argumentos aos modernos estudiosos de pedagogia. Reforçam o papel da instrução dirigida e põem em causa as velhas recomendações românticas de um estudo puramente autónomo, conduzido ao ritmo do aluno.

Nuno Crato
, Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática – Jornal Expresso (2009)

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