sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Pós-crise em Portugal

Num ano inédito para a política portuguesa e em que os portugueses são chamados por 3 vezes às urnas (europeias, autárquicas e legislativas), ainda mais em ano de crise financeira mundial, crise como não se via há mais de 70 anos, surgem as habituais cenas teatrais e politiquices que já nos habituaram desde há uns anos para cá neste país. Hoje e ainda sob os efeitos da crise mas, muito provavelmente, porque já se aproximam as eleições legislativas, começou-se a debater as soluções pós-crise. Enquanto, por exemplo, o PS teima em que o PSD apresente propostas, outros defendem a aposta na contenção do défice, ou que se deve reduzir impostos e outros ainda que devíamos extingui-los mesmo. Em Portugal ouve-se tudo e mais alguma coisa das mais altas personalidades. Todos choram a pobreza e o desemprego mas, no fim, aquando da proposta de soluções, quase todos “atiram” ao lado. Alguns, inclusive, ainda têm o desplante de defender medidas absurdas como aumentar o salário mínimo, por exemplo. Só mesmo quem não tem uma noção apropriada do país onde vivemos.

Com a situação calamitosa que enfrentaremos em 2010, com o endividamento superior a 100% da riqueza nacional, com um Estado social à beira da ruptura, com o galopante aumento do número de desempregados e sem perspectivas de empregabilidade para toda esta gente e com o governo a continuar sem saber qual o principal problema de Portugal, importa desmistificar, de uma vez por todas, que o problema principal do nosso país tem um nome: economia.

É com a economia que conseguimos pagar salários, pensões, subsídios e, portanto, num país com os níveis de analfabetismo ainda existentes, com falta de ensino de rigor e com a ausência de pessoal suficientemente qualificado e preparado para o mercado de trabalho, torna-se decisivo fazer uma aposta para os próximos anos. Importa centrar atenções no funcionamento da economia de forma a recrear empregos e a enriquecer o Estado. Neste sentido, proporia 5 medidas á priori para o renascer do nosso tecido produtivo e para atrair investimento estrangeiro destinado á criação de riqueza e postos de trabalho no nosso país:

1. Contenção do endividamento do país ao exterior. Para os leitores terem a noção, o Estado em 1998 estava endividado em 10% do PIB (receitas do estado). Em 2009, o Estado apresenta um nível de endividamento de mais de 100% do PIB. Este diferencial superior aos 100 p.p. indica-nos que andamos a viver de empréstimos do exterior e, portanto, como dependemos deles, a factura do país em juros para com o exterior pesará cada vez mais no orçamento de Estado.

2. Especializar a educação (ensino técnico de qualidade para os que possuem maiores dificuldades ou que não querem estudar e ensino secundário rigoroso para os que aspiram a “doutores”), acabando com a ilusão da chamada “escola inclusiva”. A escola inclusiva ou não será, a meu ver, uma solução até um aluno reprovar 2 a 3 anos. A partir desse momento seria obrigatório, pelo menos e a meu ver, a frequência de uma formação técnica de 2 ou 3 anos.

3. Incentivos fiscais e laborais a projectos com elevado potencial exportador e que também permitissem a substituição de importações. Precisamos de criar riqueza interna, responder cá dentro e com produção nacional àquilo que os portugueses desejam consumir e, desta forma, equilibrar a balança comercial.

4. Empreendedorismo como unidade curricular obrigatória no ensino superior para, pelo menos, cursos de gestão, economia e mesmo finanças.

5. Inventariar as condições oferecidas pelos novos países da UE e, a partir daí, compreender o que deveremos proporcionar de modo a concorrer com esses países na atracção de investimento privado.

Ao fim ao cabo, defendo um Estado liberal que, através destes e muitos outros meios, crie riqueza aos cidadãos do país e não o contrário como muita boa gente defende, isto é, que se deva tentar enriquecer os cidadãos à custa de subsídios, salários, pensões, como proclamam as heróicas políticas de esquerda. A meu ver, só daquela forma e com aquela visão, o Estado conseguirá angariar fundos suficientes para desenvolver a sua actividade com primazia e eficiência, reduzir verbas provenientes de impostos (os impostos que se praticam num país com a dimensão de Portugal é um verdadeiro absurdo quando equiparado, por exemplo, à carga fiscal alemã), prosperar a economia e desenvolver o país. Um país com tamanha carga fiscal e tão fraca economia não aguenta um tecido social como o actual e, no médio/longo prazo, romperá financeiramente e será o fim inevitável do apelidado Estado Social.

Partindo daqui concluo: terá o meu voto quem apresentar um programa às legislativas neste sentido, oferecendo prioridade à economia e assumindo a educação como motor de arranque a longo prazo. Um Estado interventivo ao nível do marketing e promoção do país mas liberal a longo prazo, especialmente no que diz respeito à intervenção social e redução da administração pública. Caso contrário e não sendo estas as prioridades definidas, o quadro seguinte indica-nos a dura realidade que teremos pela frente: