terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Educação: o caminho à prosperidade

Como sabemos e até já estamos enjoados, a situação económica em Portugal, hoje com reflexos mais que evidentes na condição social, cultural e financeira da população portuguesa, é um plano inclinado sem retrocesso nos últimos 15/20 anos. A geração de riqueza e as condições do mercado de trabalho deterioraram-se como nunca antes acontecera, tornando a realidade de hoje cruel e injusta para os mais pobres, aqueles que estão mais dependentes do «aparelho público». É neste sentido que procuro lançar umas ideias sobre aquele que para mim é o maior problema do nosso país e que, sendo de certa forma atalhado, resolveria ou aliviaria muito os restantes problemas que afectam o funcionamento das instituições democráticas.

A evolução da economia portuguesa assemelha-se ao gráfico apresentado em baixo.

Um cenário devastador da nossa actual realidade e que exigirá, obviamente, novos caminhos e renovadas abordagens à sociedade. A par deste caminho económico que trilhamos, com influência na riqueza da população, no endividamento do Estado (que precisa de financiar o necessário «Estado Social») e na descrença do investidor e empresário, está a situação do emprego. O empresário e o patrão portugueses já não acreditam nas capacidades formativas e individuais do estudante, formando ou licenciado português.. Há dias um chefe de obra dizia que é incomparável a produtividade de um indivíduo português e um romeno. À medida que ia colocando estrangeiros no seu trabalho, notava um aumento de eficiência e celeridade no trabalho de obra. Será, portanto, de estranhar esta trajectória da taxa de desemprego portuguesa neste mundo globalizado?

Não tenho grandes dúvidas acerca do actual desajustamento e falta de exigência do ensino em Portugal, que se resume a uma espécie de «passeio floral» nas escolas e os quais, como os alunos não têm exames no final do ano, não lhes é exigido que estudem. Além do mais, os programas não têm interesse, os manuais são péssimos e mal dirigidos e o funcionamento das aulas, pouco práticas, não suscitam conhecimento prático e saber indispensáveis. Todo este «caldo» moderno, aliado à fraca qualificação do tecido empresarial português, ainda maioritariamente composto pelo «empresário da 4ª classe», não oferecem condições de evolução necessária ao enriquecimento e sustentabilidade do nosso país.

A minha teoria de que o principal problema do país está na educação é, de certa forma, explicada pelo gráfico da minha autoria, abaixo enunciado. Quando todos concluímos que, em Portugal, nada funciona, seja a justiça, a política, a saúde, a corrupção, a iniciativa privada, só pode haver uma consideração por onde nos debruçar: a educação, os valores e a poupança.

A educação é a raiz de todo o fundamento social e a economia o pêndulo da nossa situação sócio-financeira e bem estar. Como demonstro no gráfico, a educação é a base de toda a estrutura e que ao possibilitar eficiência ao sector privado e ao sector público, tem um efeito positivo indirecto nas finanças públicas e, consequentemente, permite gerir um «Estado Social» justo. Directamente, tem a vantagem de viabilizar e facilitar o acesso ao mercado privado, seja por conta doutrem, seja por conta própria. Pensemos: por que motivo estarão tantas pessoas dependentes do aparelho central e cada vez menos da iniciativa privada e conta própria? Creio que isto terá uma resposta óbvia.

No gráfico, apresento-vos uma síntese da estrutura geral de «governo» de um país. Como podemos observar, a educação (sem antes a família) é o sustento de todo o processo organizacional chamado Portugal. É nela que jogamos o nosso futuro e é esta visão que deve ser dada e a explicação que todos devem imputar às nossas crianças e estudantes. Neles está a esperança e nos pais a sabedoria/experiência. Tive o cuidado de colocar a vermelho os relacionamentos que falham na nossa sociedade, aqueles que, correctamente geridos, possibilitariam dar um bom impulso a toda a «máquina económica». Um está, inclusive, a vermelho e sinalizado, indicando que não apenas carece de ligação como, mais ainda, não estão a ser adoptadas políticas claras que defendam a iniciativa patronal e a livre expansão da economia de mercado.

A linha a vermelho na direita refere-se à relação entre as empresas e o mercado de trabalho a é explicada pela fraca relação entre a formação do trabalhador que leva à ausência de correlação entre as necessidades da empresa e os requisitos de preparação de licenciados e estudantes do ensino técnico-profissional. A resposta para este grande problema chama-se, obviamente, educação.

A outra relação e que defini como proibitiva é a relação entre o poder político e a iniciativa privada. Sabemos que a ideologia socialista defende o intervencionismo do Estado na esfera económica, assunto a que aliás não me oponho a não ser nestes moldes a que assistimos com este governo em especial. A penetração do político no empresarial e vice versa mina o mercado concorrencial em Portugal, criando mais um problema de que não necessitaríamos de modo algum. As tão faladas Parcerias Público Privadas vão contra o capitalismo moderno, de incentivo ao risco e ao investimento gerador de riqueza futura. As PPP´s atentam contra a livre e justa iniciativa de mercado, já que as empresas mais ligadas ao Estado procuram a exploração de negócios de risco em situações lucrativas mas, nas situações de prejuízo, é aquele que assume com as consequências e, obviamente, o contribuinte. Esta é uma questão lateral à formação, mas frontal aos valores e ética que imperam nas nossas personalidades e que a própria mudança geracional e educativa deverá poder alterar.

A situação económica e a desqualificação crescente do novo estudante e do velho empresário resultaram na saída de muitas empresas do nosso país para outros, onde a mão de obra mais barata é, também, mais qualificada. A ideia que tenho desenvolvido nos últimos tempos e creio poder ser um grande problema e, na viragem, a principal solução, assenta no facto do ensino em Portugal não salvaguardar a criação do emprego por conta própria, seja nas áreas económicas, educacionais, artes, música, saúde, todas. Não existe um «tecido prático» em cada tipo de formação e que assegure aos seus executantes a sustentabilidade individual perante a falta de emprego e de, cada vez mais, empregadores.

Aliás, este conceito de orientação para a criação do próprio emprego como refúgio para o cidadão é enriquecedor para a formação individual, moral e profissional, e para o crescimento do produto económico do nosso país. Será um bem necessário já que o sector da indústria terá cada vez menos tendência para empregar, face aos meios de inovação e tecnologias disponíveis no mercado. Portanto, estamos numa situação obviamente viável e recomendável para todos. Não é sustentável que os licenciados de hoje não se sintam capazes de assumir a entrada no mercado de trabalho pela via individual, não sendo, por isso, de espantar que as universidades portuguesas nem apareçam sequer nos rankings europeus.

Outra meta decisiva para as próximas décadas é a inserção de matérias científicas nas licenciaturas em Gestão e Economia, de forma a promover um empresário com conhecimentos em Química, Física e Electrónica e a desenvolver um novo mercado de trabalho orientado e sustentado na inovação empresarial e do produto. As universidades carecem de teor científico associado aos novos desafios de hoje. Lamento, pessoalmente, nunca ter tido qualquer formação universitária em física ou química, pois creio que seria fundamental para conseguir, hoje, criar um negócio rico e líder em inovação. Toda a vertente da educação tem de se virar para a possibilidade de criação do próprio emprego e para as novas tecnologias e inovação. Só assim, poderemos, por um lado, diminuir o desemprego e a calamidade social daqueles que, mais que ninguém, o necessitam e, por outro lado, acrescentar competitividade às empresas nacionais não apenas para que possam «produzir para nós», desagravando a despesa nacional relativa aos bens transaccionáveis do exterior, mas que igualmente possam entrar em novos mercados e gerar riqueza.

Concluindo, os portugueses não poderão deixar de concordar com este facto e, deste modo, deverão assumir novos desafios de mudança neste sentido. Só assim conseguiremos ser todos mais felizes neste belo país que é Portugal e onde adoramos estar, enfrentando a necessidade e adquirindo a coragem e a verdade na hora do voto para quem proclama esta política e define esta prioridade para o combate das próximas décadas. Da minha parte, direi que poderão sempre contar comigo para esta causa.

















Jorge Manuel Honório