domingo, 12 de abril de 2009

Personalidades




Henrique Medina Carreira (Bissau, 14 de Janeiro de 1931) é um fiscalista e político, filho de António Barbosa Carreira, historiador, e de Cármen Medina Carreira.

Carreira Profissional


Henrique Medina Carreira tirou um bacharel em Engenharia Mecânica e, mais tarde, licenciou-se em Ciências Pedagógicas (

1954) e em Direito (1962) na Universidade de Lisboa. Frequentou ainda o curso de Economia no Instituto Superior de Economia e Gestão, que não concluiu. Dedicou-se à advocacia, à consultoria em empresas e à docência universitária, a última das quais exercida no Instituto Superior de Gestão (ISG), no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) e no Instituto Estudos Superiores Financeiros e Fiscais (IESFF).


A par da sua carreira profissional, desempenhou outras funções como as de membro do Conselho Superior dos
Tribunais Administrativos e Fiscais, membro do Conselho Fiscal da Fundação Oriente, vice-presidente do Conselho Nacional do Plano ou presidente da Comissão de Reforma de Tributação do Património.

Carreira Política


No plano político, exerceu o cargo de Sub-secretário de Estado do Orçamento durante o
VI Governo Provisório (1975-1976), o qual deixou de exercer para assumir, logo de seguida, as funções de Ministro das Finanças do I Governo Constitucional (1976-1978) liderado por Mário Soares. Mais tarde abandonou o Partido Socialista, assumindo, dizem, uma maior aproximação ao PPD-PSD e, em 2006, apoiou publicamente a candidatura de Aníbal Cavaco Silva à Presidência da República.


Crítico, ao seu estilo!


Nos últimos anos, Medina Carreira tem sido um grande crítico do papel desempenhado pelos principais partidos políticos em Portugal, das finanças públicas portuguesas relativamente ao endividamento e á despesa pública e relativamente à actual carga fiscal portuguesa, como consequência da conhecida falta de produtividade da nossa economia.


Defensor da implementação de um sistema presidencialista, a título transitório, em Portugal, o fiscalista e ex-ministro das Finanças tem, também, criticado a situação actual da educação, da justiça e a inexistência de políticas eficazes contra a corrupção e o excesso de burocracia. Por exemplo, numa entrevista ao jornalista José Gomes Ferreira na Sic Notícias, Medina Carreira, abordando o tema referente à dívida externa portuguesa, referia que nos últimos 10 anos a dívida portuguesa tem vindo a aumentar 48 milhões de euros, diariamente! Dizia então Medina Carreira: “quando acabarmos este programa devemos mais 2 milhões de euros”, apelidando ainda a situação de “uma torneira”.


Henrique Medina Carreira

Para quem me conhece, não admira que Medina Carreira seja a primeira personalidade a que dou relevo no meu blog, na medida em que é e foi para mim o principal impulsionador do meu interesse pelos estudos económicos e curiosidades políticas. Medina Carreira representa a minha maior fonte de motivação e capacidade crítica na área da política, da economia e no diagnóstico da situação actual do país. O fiscalista é talvez o principal realista que alguma vez iremos ouvir na comunicação social e, graças a esse realismo, torna-se banal que muitos olhem para esta personalidade como um pessimista, um chato ou um “popularuxo”. Contudo, para além de Medina Carreira (e tal como ele refere) não depender de nenhum aparelho político-partidário, ele não se limita apenas a criticar, mas também sugere propostas de solução para ajudar à resolução da nossa crise estrutural em Portugal em que, em cada 3 anos desde o 25 de Abril de 1974, dois são a crescer a 1% ou menos, refere.


Refiro então Medina Carreira como a minha primeira personalidade de topo, num momento em que é absolutamente urgente tomarmos conhecimento do destino do nosso país com este sistema político e porque pretendo, com este destaque, dar relevo aos elementos presentes no discurso do fiscalista e servir de via de transporte e divulgação para uma extensa camada populacional activa que possui, no voto, o possível elemento de revolta e mudança política e, quem sabe, social.


Para que a colectividade tome conhecimento da situação do nosso país e assim se possa realizar o correcto diagnóstico da situação actual da economia portuguesa, recomendo a leitura do livro “O dever da verdade” de 2006 em que, Medina Carreira em entrevista a Ricardo Costa da Sic, descreve-nos ao pormenor a situação das diferentes áreas de actividade em Portugal, apresenta alguns contextos históricos, refere aquilo que para ele deviam ser as acções a adoptar pelos sucessivos governos e onde recorre, para os fins, a elementos gráficos e estatísticas oficiais de entidades competentes e reconhecidas internacionalmente. O livro tem o prefácio da Dra. Manuela Ferreira Leite e chegou, recentemente, após uma entrevista ao jornalista Mário Crespo na Sic, à 7ª edição em menos de um mês, tendo na contra-capa a seguinte descrição:

Sei que para muitas pessoas este não é um livro fácil. Não porque tenha um texto denso ou gráficos impenetráveis. Mas pela simples razão de que transporta uma mensagem realista. E, muitas vezes, o realismo não é especialmente agradável. Quando falamos de Portugal isso parece mesmo uma verdade absoluta…Quando conversava ou lia as respostas de Medina Carreira tinha a sensação de que só faltava ouvir uma sirene a anunciar um raid da aviação inimiga. Não é fácil deparar com tantos factos negativos de chofre…cada vez que tentei o contraditório (ou seja, sempre) ou que apresentei índices e dados mais favoráveis – porque também os há -, não consegui de deixar de lhe dar razão…Porque quem não aceita a realidade raramente consegue encarar o futuro…penso que este livro é um bom ponto de partida para se perceber que país somos, em que Estado estamos e para onde caminhamos. O optimismo não basta.


Ricardo CostaJornalista

Algumas citações

  • “Vocês, comunicação social o que dão é esta conversa de inflação menos 1 ponto, o crescimento 0,1 em vez de 0,6. Se as pessoas soubessem o que é 0,1 de crescimento, é um café por português de 3 em 3 dias... Portanto andamos a discutir um café de 3 em 3 dias”
  • “Ainda há dias eu estava num supermercado, numa bicha para pagar, e estava uma rapariga de umbigo de fora com umas garrafas e em vez de multiplicar 6x3=18, contava com os dedos: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9... isto é ensino, é falta de ensino.”
  • “Eu por mim estou convencido que não se faz nada para pôr a justiça a funcionar porque a classe política tem medo de ser apanhada na rede da justiça. É uma desconfiança que eu tenho. E então, quanto mais complicado aquilo for…”
  • “Nós em Portugal sabemos é resolver o problema dos outros: a guerra do Iraque, do Afeganistão, do presidente americano que não devia de ter sido o Bush, mas não sabemos resolver os nossos. As nossas grandes personalidades em Portugal falam de tudo no estrangeiro: criticam, promovem, conferenciam, discutem, mas se lhes perguntar o que é que se devia fazer em Portugal não sabem. Somos um país de papagaios sabe”
  • Receber os prisioneiros de Guantanamo? “Isso fica bem e a alimentação não deve ser cara...”
  • “Há dias circulava na Internet uma notícia sobre um atleta olímpico que andou numa "nova oportunidade" uns meses, fez o 12ºano e agora vai seguir medicina. Quer dizer, o homem andava aí distraído, disseram meta-se nas novas oportunidades e agora entra em medicina. Bem, quando ele acabar o curso já eu não devo cá andar felizmente”

Algumas publicações

  • Manual de Direito Empresarial (1972)
  • O Actual Sistema Fiscal Português – Síntese (1983)
  • A Fiscalidade e o Mercado Português de Capitais (1983)
  • A Situação Fiscal em Portugal (1984)
  • As Políticas Sociais em Portugal (1996)
  • Reformar Portugal – 17 Estratégias de Mudança (em co-autoria, 2002)

Ministros do I Governo Constitucional da República Portuguesa


ALFREDO NOBRE DA COSTA - Indústria e Tecnologia
ANTÓNIO BARRETO - Agricultura e Pescas
ANTÓNIO DE ALMEIDA SANTOS - Justiça
ANTÓNIO MALDONADO GONELHA - Trabalho
ANTÓNIO SOUSA GOMES - Plano e Coordenação Económica
ARMANDO BACELAR - Assuntos Sociais
CARLOS MOTA PINTO - Comércio e Turismo
EDUARDO PEREIRA - Habitação, Urbanismo e Construção
EMÍLIO RUI VILAR - Transportes e Comunicações
HENRIQUE DE BARROS - Ministro de Estado
HENRIQUE MEDINA CARREIRA - Finanças
JOÃO ALMEIDA PINA - Obras Públicas
JORGE CAMPINOS - Ministro sem Pasta
MANUEL DA COSTA BRÁS - Administração Interna
MÁRIO FIRMINO MIGUEL - Defesa Nacional
MÁRIO SOARES - Negócios Estrangeiros
MÁRIO SOTTOMAYOR CARDIA - Educação e Investigação Científica

Titanic


A cena é sobejamente conhecida para merecer ser descrita. Na confusão de uma ameaça catastrófica e perante a possibilidade de uma mortandade sem igual, o comandante do Titanic manda tocar a orquestra.

Para atenuar a angústia? Só para fazer qualquer coisa? Para desnortear os mais incautos dando-lhes uma reconfortante aproximação à morte? Porque pensa que ainda se pode evitar a morte, não fazendo por isso qualquer sentido soar um alarme despropositado? Para ocupar uns quantos que não terão lugar nos botes salva-vidas?

Mas o pavoroso caricato de ver um grupo de gente a tocar uma valsa perante a morte iminente é demasiado.

As taxas de juro têm descido, dizem. No entanto, isso não é absolutamente verdade. Nos últimos 12 meses observámos um movimento a dois tempos. Depois de vários meses em que as taxas de juro da dívida pública para todos os prazos de vencimento subiram permanentemente em virtude de uma persistente actuação do Banco Central Europeu, a partir de Julho de 2008 assistiu-se ao início da sua descida. Essa descida foi acentuadamente marcada para as taxas de juro de curto prazo, mas também as de longo prazo observaram quedas sensíveis, apresentando a curva da estrutura temporal das taxas de juro um valor mínimo em Dezembro de 2008.

No entanto, apesar do custo da dívida pública ter continuado a descer nos prazos curtos passando para 1,06% em meados de Março, começou a subir para prazos longos e num ápice subiu para 4,66% a 10 anos e 4,88% a 30 anos. Por contrapartida, em meados de Março, a Alemanha financiava-se a 3,11% para o prazo de 10 anos e a 3,98% a 30 anos. Isto é, o ‘spread' entre o custo da dívida pública portuguesa e a alemã a 10 anos é de 1,55%. Mas para prazos mais curtos aquele ‘spread' manteve-se elevado, apresentando-se a 1,42% para o prazo de 5 anos. Esta situação tem implicações importantes.

Primeiro, o nosso Orçamento do Estado é relativamente mais agravado do que seria se o nosso risco de crédito da república fosse menor. Gastamos mais receita para pagar mais juros para o mesmo financiamento, restando-nos menos para investimento ou despesa social.

Segundo, este efeito contamina o custo do capital das empresas e também elas passaram a pagar mais juros pelo mesmo financiamento. Assim, há menos lucros para reter em crescimento orgânico, ou para distribuição a accionistas.

Terceiro, os projectos ficam menos atractivos quando desenvolvidos por portugueses. Deixamos de lançar projectos em Portugal que podem ser lançados em países com menores taxas de juro. Por exemplo, um projecto público com vida de 10 anos e TIR de 4% deveria ser rejeitado em Portugal (com o custo do capital a 4,66%), mas poderia ser aceite na Alemanha (com o custo do capital a 3,98%). Só no curto prazo as taxas dos países estão próximas, mas à excepção das discotecas onde o ‘payback' de segurança exigido é de 1 ano, os investimentos geradores de riqueza e emprego são de longo prazo.

Quarto, com esta desproporção entre o custo do capital na Europa, a recuperação da economia vai fazer-se a ritmos diferentes. O desenvolvimento pode tender a concentrar-se "lá" e a deixar de se fazer "cá".

Quinto, quanto mais as empresas sofrerem este desfasamento entre o custo do capital em Portugal e o dos países mais fortes da União Europeia, menos riqueza gerarão e menos lucro e emprego conservarão. A base de tributação (impostos sobre o rendimento ou sobre lucros) reduzir-se-á.

Sexto, quanto mais a base de tributação se reduz mais o Estado português tenderá a endividar-se para manter o mesmo nível de actividade de investimento ou de actividade social (a qual tem tendência a agravar-se pelo preocupante envelhecimento da sociedade portuguesa), aumentando ainda mais o risco do país e o custo do capital.

Sétimo. Entraremos por esta via numa espiral de definhamento nacional. Os jovens irão partir porque é "lá" que haverá emprego e riqueza e os velhos ficarão por "cá" com menos para se sustentarem...

Remédio? Ou tomam juízo no destino a dar ao dinheiro público ou então, "Que toque a fanfarra, cambada!"

João Duque
, Professor catedrático do ISEGDiário Económico

O “apelido” de Sócrates

Teve origem no “2º acto” desta legislatura e insere-se no proclamado plano tecnológico do governo socialista de José Sócrates. O computador Magalhães prometeu, por palavras dos nossos governantes, revolucionar o sistema de ensino em Portugal, proporcionando o contacto antecipado das crianças com sistemas informatizados.

Cedo se percebeu que mais um acto típico de propaganda estaria a eclodir na sociedade portuguesa, desta vez alicerçada no já tão investido mas tão castigado sistema de ensino português. Consta que a insatisfação na educação é a palavra de ordem na sequência da introdução do Magalhães nas escolas portuguesas. Segundo o Diário de Notícias, os docentes do 1º ciclo estão a ficar fartos do Magalhães, fartos não só dos erros ortográficos, mas também dos erros informáticos, grandes causadores de perdas de tempo e paciência nas salas de aula. Referem ainda que se sentem transformados em “técnicos de informática” e que as causas principais das queixas contra o computador residem nas solicitações diárias para actualizações, registos e rectificações do mesmo. “Todos os dias aparecem pais a depositar os computadores”. Segundo Manuel Micaelo, do Sindicato de Professores da Grande Lisboa, o sindicato tem recebido muitas queixas de professores desde o início.

Certo dia, ao ligarmos a rádio, a televisão ou ao olharmos no jornal, deparámo-nos com a triste notícia sobre conteúdos pouco sérios no computador Magalhães. Nesse dia, segundo os media, o Magalhães possuía um português que deixava algo a desejar, como era de esperar, mas não só. Erros ortográficos num determinado jogo interactivo no computador, dito cultural e pedagógico, atentavam o manual de inteligência dos mais pequenos. Erros como «gravar-lo», «puxando-las», «acabas-te», «fés» constavam numa edição do Jornal Expresso. Mais grave e extraordinário é o facto do excelente vocabulário presente neste jogo, segundo informações que circularam, ter sido desenvolvido por um emigrante português com a 4ª classe. De que estavam á espera?

Uma testemunha dos efeitos benéficos do Magalhães nas crianças refere que um dos netos com idade a rondar os sete anos também recebeu este computador. No entanto, segundo a própria, o rapaz não consegue sequer ler (porque ainda não sabe) e, por isso, é incapaz de “trabalhar” com o Magalhães. Neste sentido, torna-se fundamental reflectir acerca destes instrumentos inovadores, impostos por este governo, reflectir, nós, povo português, nós que andamos a adiar os problemas do nosso sistema de ensino, não apenas atirando para lá dinheiro mas, pelos vistos, também, contraindo medidas obrigatórias que se revelam ridículas para a formação dos nossos estudantes. Como refere António Barreto numa excelente entrevista de opinião, é demasiado prematura a implementação deste instrumento nas escolas portuguesas. O Magalhães irá tornar ainda mais preocupante a já falta de cultura de leitura em Portugal, na medida em que estão a fazer com que as crianças comecem a tomar contacto mais cedo com as realidades informáticas e, por isso, com todos os males que daí advêm e, obviamente, com ainda maior influência no gosto, frequência e prazer pela leitura de artigos científicos e livros de qualidade reconhecida.

Na minha opinião, com esta medida estamos a adiar os problemas dos nossos alunos, professores e auxiliares de educação e, deste modo, as grandes lacunas do nosso ensino ficam por resolver e as gerações futuras continuarão “hipotecadas”. Continuaremos a formar profissionais altamente incompetentes com o 12º ano, pois a maioria das pessoas que acabe o 12º ano em Portugal não sabe muito mais que o básico em relação ao que é necessário e exigido para um ensino técnico ou superior de qualidade.

Mais uma vez e mais um governo português realiza investimentos significativos na educação e sempre em vão, como é exemplo o quadro do doutor Henrique Medina Carreira (Ex-ministro das finanças do Dr. Mário Soares) no livro “O dever da verdade”, onde podemos ver que Portugal, nos últimos anos, é dos países da União Europeia a 15 onde se investe mais na educação, apenas superado pela Bélgica, Suécia e Dinamarca onde, ao contrário de Portugal, se verificam resultados a longo prazo (a posição das respectivas economias e a rentabilidade e disciplina associada a estes sectores assim o demonstram). Inevitavelmente, dos números ninguém se livra e estes indicadores pronunciam algo de assustador. Importa que a colectividade reflicta á luz deste quadro e pense no que foi feito, no que está a ser realizado e no que será o futuro do ensino e do dinheiro dos contribuintes com esta política que tem vindo a ser seguida pelos nossos representantes.
Neste sentido, enquanto não se impuser a disciplina nas escolas, a adopção de manuais escolares com qualidade e feitos por intelectuais experientes da cultura, da matemática, do português e não pelo Ministério da Educação e ainda o rigor e a periocidade nos exames, a educação dos portugueses nunca sairá desta prisão política e, mais uma vez, as gerações vindouras contribuirão como nunca para o fluxo migratório além Portugal.

Jorge Manuel Honório

Dois homens simples

Imaginemos dois homens. Ambos têm origens relativamente humildes, fizeram uma escolaridade mínima, e foram cedo trabalhar.

O primeiro trabalhou bastante, até conseguir um rendimento de classe média. Pediu um empréstimo, e comprou uma casa e um carro, que foi pagando ao longo dos anos. Teve filhos, que tem a estudar, embora com grande sacrifício. As férias de Verão são feitas em casa pequena arrendada todos os anos; não vai à neve, nem come muitas vezes em restaurante. Não tem muitas dívidas, e paga os seus impostos.

O segundo optou por um início de carreira mais aventuroso. Conseguiu reunir algum dinheiro, em investimentos de alto risco. Como até certo ponto dinheiro atrai dinheiro, foi ficando cada vez mais rico. Chegou a multimilionário, sempre com investimentos de risco. Gastou bastante dinheiro, e o futuro nunca foi uma preocupação.

Há uma crise.

O primeiro homem vê as poucas prestações que tinha em crédito aumentar, e faz uns ajustes à vida quotidiana para as poder pagar. Perder a casa não é uma opção. O segundo perde milhões, mas não parece querer alterar muito o seu estilo de vida. O primeiro homem chama-se Manuel, António, José. No momento de crise, o Estado pega no dinheiro deste contribuinte, entregue em cheque branco através dos mais diversos impostos, e entrega ao segundo homem, para o salvar da falência. Nada faz pelo primeiro, o cidadão consciencioso. Pelo contrário, castiga-o.

O segundo homem chama-se Joe Berardo. E eu pergunto-me onde está a justiça deste Estado igualitário, para quem o trabalho de uma vida, o mérito e o esforço de cada cidadão representam apenas uma percentagem de um bolo discricionário. A arbitrariedade, combinada com o igualitarismo, é uma perigosa ameaça à justiça desta democracia.

Ana Margarida Craveiro -
Delito de Opinião

A velha crise dos seis milhões

É inequívoco o declínio aparente do nosso Benfica dos velhos tempos e parece que nesses velhos tempos permanecerá o sucesso do maior clube português.

Após a derrota decisiva no jogo do dia 14 de Março de 2009 para a Liga Sagres 08/09 em pleno estádio da Luz, coberto com cinquenta mil adeptos e sócios, o Benfica aparece, no final dos noventa minutos, mais uma vez afastado da possibilidade do título de campeão nacional português, juntando mais um marco histórico aos 5-1 na Grécia da mesma época ou aos vinte e cinco pontos de distância do primeiro classificado na época 07/08 a que o treinador tanto se refere, de forma a desculpar as suas terríveis actuações em campo, oscilando com os brilharetes que realiza nas conferências de imprensa antes dos jogos. É aqui que entra Quique Flores, um intelectual do futebol, verdadeiro mestre nas conferências que tomam lugar antes dos jogos e verdadeira comédia nas conferências após os jogos.

Sobrinho de Lola Flores (artista conceituada em Espanha, terra dos meus sonhos), o treinador do Benfica vem, no final dos 90 minutos do jogo, pintar um revoltante e transtornante quadro animador do Benfica–V.Guimarães, fazendo alusão a uma «suposta» primeira parte fantástica que não fora quase alvo de correcções aos jogadores no intervalo. “Fizemos um esforço grande e um bom jogo na primeira parte. Foi dos jogos em que tivemos menos correcções a fazer ao intervalo. A equipa teve dinâmica, pressão, velocidade, conseguiu oportunidades, cantos, faltas e só não houve golo”!

No sentido de complementar as afirmações de Quique Flores no final do jogo, trago à memória dos leitores a capa do jornal desportivo “A Bola”: “Quique já não vê nem ouve”. E é aqui que surge o episódio fatídico da substituição de Cardozo (um dos avançados da equipa, ponta de lança) pelo Nuno Gomes, nem mais nem menos, e de forma a ganhar maior “mobilidade no ataque”! Quique Flores respondeu: “Assobios no momento em que tirei o Cardozo? A pergunta é errada. Os aplausos foram para a entrada de Nuno Gomes e não para a saída do Cardozo. Perguntaram-me como explicava a saída de Cardozo numa altura em que o público estava do seu lado. Ora eu também tenho ouvidos e sei que o público não estava com Cardozo no momento em que saiu”. É aqui que Quique Flores não compreende que os assobios do público presente, aquando da substituição, não eram destinados a Cardozo, mas eram sim um reflexo, um gesto de ódio e dor pela substituição que se estava a operar. Acrescentaria, por isso, à capa do jornal: Não vê, não ouve e não sabe! Note-se ainda que, para além dos factos, Quique Flores, a perder desde a segunda metade da segunda parte e com possíveis substituições ainda por fazer, consegue o feito incrível de terminar o jogo com apenas e repito, apenas um ponta de lança em campo, nada mais, nada menos que o entrado Nuno Gomes. Para ajudar a compreender a situação, Quique Flores, corrido o minuto 90, jogava com dois médios defensivos e um ponta de lança (para qualquer meio entendido do futebol, claramente uma leitura táctica destrutiva e impeditiva de virar um resultado negativo) que lutavam incansavelmente e em vão, atrás do prejuízo que traria uma derrota no estádio da Luz e que afastava, mais uma vez, o Benfica do título de campeão nacional 08/09. Caso para perguntar: Porquê tirar Cardozo? Porque não entrar Mantorras? Para quê dois médios a defender? Isto é lutar pelo jogo e pelo título?

É verdade que não nos podemos cingir a um jogo ou uma substituição num quadro de um campeonato nacional de futebol com trinta jornadas, mas a verdade mais revoltante e cruel para os benfiquistas está no triste contexto competitivo em que o clube do nosso coração embateu nos últimos anos, arrastado por administrações corruptas, jogadores com qualidade mas sem rendimento, técnicos completamente “entupidos”, decisões e caprichos absurdos durante os jogos e, segundo se fala ultimamente, métodos de treino duvidosos, incluindo eventuais cargas físicas elevadas nos treinos que antecedem os jogos. Repare-se, por exemplo, nos números competitivos do Benfica nestes últimos quatro anos: cinco treinadores (Koeman, Santos, Chalana, Camacho e Flores) e um título, uma tal Taça Carlsberg (entre campeonatos nacionais, taças de Portugal, taça da liga, competições da Uefa ou a Champions League). Um título num período de quatro anos, quatro anos, aliado a um verdadeiro desgosto pelo facto do último título de campeão nacional, pelas mãos de Giovanni Trappatoni, ter ficado muito aquém do desejado para uma equipa do prestígio do Benfica, num ano em que o F.C.Porto teve três treinadores, num ano marcado por muitos penáltis duvidosos marcados a favor do Benfica e ainda, um ano em que o Benfica fez menos uma deslocação a campo alheio! Mesmo assim, 1 título em 20 possíveis!

Fará então sentido perguntar e pedir o que José António Camacho pedia aos jogadores do Benfica: Para quando um Benfica á Futebol Clube do Porto?


Jorge Manuel Honório

Memorização repetida

Há em Nova Iorque muitos locais famosos dedicados à música. Mas não há nenhum tão venerado e vetusto como Carnegie Hall. Construído em 1989, nele residiram algumas das companhias e orquestras mais famosas do mundo. Tocar nessa imponente sala de espectáculos é, ainda hoje, uma ambição de muitos grandes músicos.


Conta-se que, um dia, quando Arthur Rubinstein se passeava pela Sétima Avenida, nas redondezas do teatro, foi abordado por um transeunte perdido, que lhe perguntou como se ia para Carnegie Hall. O grande pianista terá respondido “Praticando! Praticando! Praticando!”. O dito ficou famoso e tornou-se uma piada predilecta de alguns educadores norte americanos.


A avaliação organizada parece ser um factor determinante na consolidação dos conhecimentos. É importante que o estudante seja avaliado de forma repetida e espaçada. Ao testar os conhecimentos, procede-se a uma recuperação activa da memória, que reforça os conhecimentos. Como diz Roediger (um dos psicólogos americanos que mais se tem dedicado à investigação do sucesso das práticas de estudo), “o factor decisivo para a aprendizagem de longo prazo é a introdução de testes”(“Science”,2008).


Estes trabalhos científicos fornecem novos argumentos aos modernos estudiosos de pedagogia. Reforçam o papel da instrução dirigida e põem em causa as velhas recomendações românticas de um estudo puramente autónomo, conduzido ao ritmo do aluno.

Nuno Crato
, Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática – Jornal Expresso (2009)

Apresentação pessoal


O meu nome é Jorge Manuel Honório e sou o autor deste site. Sou licenciado em Gestão pelo Instituto Superior de Economia e Gestão – UTL e frequento, de momento, um estágio profissional no Grupo Crédito Agrícola (CA) no departamento de Risco de Crédito. Sou ainda aluno do Mestrado de Ciências Empresariais também no ISEG – UTL e sou natural do Cartaxo, mas residente em Lisboa.

Venho por este meio criar uma página interactiva com o intuito de, não poder apenas realizar as minhas opiniões por escrito e torná-las públicas, mas também com a missão de criar um local onde possa criticar, divulgar e reconhecer áreas e curiosidades do meu interesse e que isso contribua para um conhecimento mais vasto dos meus leitores.

A criação de uma página pessoal surgiu do interesse em manter contacto com amigos e conhecidos, para além de que permitirá aperfeiçoar a minha capacidade literária e manter-me constantemente informado acerca dos temas que são do meu gosto pessoal e profissional.

Neste Blog irei pronunciar-me sobre alguns temas do meu interesse e inclusive citar personalidades que considero de uma importância crescente na nossa sociedade e que, por esse facto, deverão ser ouvidas e consultadas no sentido de melhorar a nossa percepção e intervenção cívica, também, em Portugal. Não procuro aqui criar qualquer tipo de intrigas, mal entendidos, conspirações ou políticas do “bota-abaixo”, mas sim exprimir uma opinião livre e convicta dos princípios e ideais em que acredito e que devem ser seguidos e aquelas ideias e medidas que entendo serem prejudiciais, incríveis pela negativa ou que não acrescentam nada á nossa formação e evolução.

Esta página é dedicada ás pessoas que mais gosto e que estão comigo e lidam comigo no dia a dia, sejam amigos, família, namorada ou profissionais.

Sugiro aos meus leitores então muitos artigos de opinião pessoal, entrevistas com personalidades de relevo, colunas de opinião de intelectuais das diferentes áreas, biografias, vídeos e quem sabe mais…