sexta-feira, 28 de maio de 2010

Realidades económicas do Oriente

Os países asiáticos surgem neste final de década como os grandes países emergentes e sobreviventes à forte crise financeira e económica que o mundo está a viver. Nomeadamente a China, assume-se hoje como um caso de sucesso de modelos de gestão financeira e económica, inspiradores de novas estratégias, mesmo para muitas indústrias dos países mais desenvolvidos no mundo.

A China é um país em forte desenvolvimento nos últimos 20 anos, após a combinação de um ambicioso programa de reformas estruturais e o ressurgimento de valores tradicionais antigos da mentalidade e ambição orientais. Factualmente, a riqueza criada internamente por este país cresceu 100% todos os anos nos últimos 20 (em termos comparativos com o ano de 1980).

Este enorme crescimento económico não tem, ainda, relação equivalente com o nível de vida e avanço da sociedade chinesa. Por exemplo, a economia corresponde a cerca de 5% da economia mundial, enquanto o Japão preenche 10%, a União Europeia 32% e os Estados Unidos da América 30%. Mais ainda, o rendimento per capita é ínfimo em relação à riqueza criada na China e decorrente não apenas da elevada densidade populacional mas também das enormes assimetrias regionais existentes.

A história da economia chinesa tem registado enormes mudanças e retornos em torno duma viragem de economia de mercado para economia estatal e vice versa, embora se tenha afirmado ultimamente e com maior clareza como uma economia de mercado e, desta forma, mais mundializada. O Estado, ainda bastante interventivo, governado pelo Partido Comunista Chinês, foi perdendo, gradualmente, intervenção na esfera económica e superou barreiras importantes como a proibição do comércio externo. Aliás, este passou a ser o principal motor do crescimento económico. As empresas públicas representam hoje menos de 30% da economia nacional e o sector terciário encontra-se em grande expansão neste mercado, factores também positivos na complementaridade da actividade económica.

O país beneficia actualmente de um conjunto de valores e ideologias próprias da cultura chinesa e que acabam por gerar potencialidades económico-empresariais significativas. Predomina uma cultura muito nómada entre a população chinesa e no qual a mobilidade é um recurso de extrema importância na actividade empresarial do país. Tal permite uma fortificação de conhecimento e inovação apoiado em fortes redes comunicacionais entre os vários empresários dos inúmeros sectores de actividade. A rede fornecedor-cliente é altamente beneficiada e a gestão de cada parte é quase que partilhada mutuamente no sentido da melhoria dos custos de produção e alta performance nos padrões de qualidade. O cliente influencia e pressiona a gestão do fornecedor no sentido de comprar mais barato e com melhor qualidade, enquanto aquele procura, por seu lado, ampliar o leque de clientes.

A China é um mercado em franca expansão nas últimas duas décadas. Todavia, é um país dividido por duas velocidades e fragilizado pelas elevadas assimetrias entre a zona oeste e a zona este. Segundo estudos oficiais divulgados pela OMC, caso os pressupostos definidos pela China até 2050 sejam concretizados, o país não passará de um território moderadamente desenvolvido.
Jorge Manuel Honório

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